6 de janeiro de 2012


COMO NUM CONTO DE FADAS...

Editora: Clube de Autores.
1ª Edição, 2011.
ISBN: 978-85-912892-5-7
Nº de páginas: 336

Sinopse: 

Como muitos afirmam, “nem tudo o que reluz é ouro...”, todavia, para certas pessoas, esse antigo chavão popular passa desacreditado; são tão convictas de seus sonhos, creem tanto, que, por mais impossíveis, culminam se transformando em ouro do mais puro quilate, como acontece nessa história. 
História de Beatriz, que se desenrola no início da década de sessenta, nos chamados “Anos dourados”, auge do rock e das grandes orquestras; época forrada por romantismo que levava os jovens a serem envolvidos por sonhos e fantasias despertando paixões. E pra paixão não tem explicação, quando se manifesta é impossível evitá-la, – nem que se queira, e foi o que aconteceu com Beatriz; uma jovem bonita, charmosa, elegante, de fino trato, filha de gente abastada, – da alta sociedade, que, com seus dezesseis pra dezessete, nunca havia namorado. Moça cuja beleza se destacava e não lhe faltavam olhares esperançosos de pretendentes, mas ela não dava confiança pela simples razão de, até então, ninguém lhe despertar interesse. Porém, quando menos espera, num belo dia, caiu arrebatada pelo simples olhar de um rapaz, apaixonando-se à primeira vista. Mas, por ironia do destino, o rapaz era um pobretão de origem humilde, e por isso, claro, seus pais não lhe deram permissão pra namorar...
Entretanto, nem menos a mágoa e a desilusão que isso lhe provocava, foi o suficiente para destruir seu sonho; enamorada e cativada, não desistiu passando a namorá-lo às escondidas, sempre com a esperança de que seus pais o aceitassem. E isso foi por bom tempo...
O fato de ter sido rejeitado, e por ser também um apaixonado, precipitou no rapaz o forte desejo de ser alguém, – ter posse – pra nunca mais ser humilhado... Com isso, se empenhou de corpo e alma aos negócios. Nesse empenho e dedicação algo extraordinário, inexplicável, como sendo do destino, aconteceu: grandes oportunidades apareciam da noite para o dia, fazendo-o em curto espaço de tempo, possuir um patrimônio pessoal invejável. Daí em diante, todos os sonhos, fantasias e castelos de ilusões de Beatriz, como se fora num conto de fadas, se tornaram realidade...   


Primeiras páginas.

CAPÍTULO I

                 Ainda muito cedo, – não são seis horas; sonolenta e ainda se retocando ouve ser chamada da porta do banheiro.
                  — Beatriz, anda menina!...Vai se atrasar pro colégio!
           Não responde, olhando-se no espelho, bocejando, com muita preguiça e sono, dá os últimos retoques na maquiagem. Maquiagem que na verdade se resumia no uso do pó-de-arroz, batom..., nem pensar, – o pai não gostava, ralhava se usasse; pra não se indispor, aceitava e acatava a vontade do pai, mas, mesmo assim, com seus dezesseis pra dezessete, era muito vaidosa e gostava de estar sempre bem apresentável. Ainda se retocando, – sem nenhuma pressa, ouve outra vez:
                  — Anda, Beatriz!... Vai se atrasar!
                  — Não, Marta, não vou me atrasar, fique tranquila! Tenho tempo! – disse ainda se olhando no espelho.
                  A pessoa, encostada na porta, insiste em voz alta:
                  — Mas tem que tomar teu café, menina!... Vamos!
                  Ela, também em voz alta, responde:
                  — Tá bom!... Já vou! – disse isso e mais uns segundos abre a porta e vai saindo já ouvindo repreensão.
                  — Puxa vida!... Todo dia é a mesma coisa, acaba saindo sem tomar o café direito! – disse a pessoa. Venha querida, venha tomar seu café! – falou já abraçada a ela e caminham pelo corredor dos quartos em direção à sala de refeições.  Descendo a escadaria, ela pergunta como quem não quer dar trabalho ou achando que incomoda.
                  — Marta, por que se preocupa tanto comigo?
              — Ora! Só porque sou governanta, não vá pensar que não gosto de você como uma filha! Você é meu xodó, sabia? – falou sorrindo ainda abraçada a ela e continua. Também não quero te ver pálida e sem cor, onde já se viu? Precisa se alimentar direito!
                  Entrando na sala de refeições e sentando-se à mesa, ela observa Marta ir a uma das portas e, de lá, chamar em voz alta:
                  — Ana, por favor, traz o café pra Beatriz!... – disse isso e volta sorridente sentar-se junto a ela. 
                  Segundos mais, vê Ana entrar carregando uma bandeja com as baixelas; colocando sobre a mesa começa servi–la.
                  — Bom dia, Beatriz! Dormiu bem? – perguntou Ana.
                  — Dormi! E você?
                  — Eu também! – respondeu e terminando de servir faz menção de sair e ela, de pronto, impede que vá.
                  — Não, Ana, não vá! Fique um pouco comigo, sente aqui! 
                  A moça, sob os olhares atentos da governanta, fica em dúvida; percebendo, ela repete:
                  — Sente! Vamos conversar! Faz tempo que a gente não se fala!
                 Fazia tempo que não se falavam?... Como se fosse! Vivia junto quase o dia todo! Não se largavam! 
               Ana, filha de uma das empregadas; moreninha, – pele escura, magra, cabelos crespos e sorriso encantador; moça simples, quase da mesma idade, educada, amável e gentil, que irradiava simpatia e que, por isso mesmo, se tornou sua grande amiga e confidente. Tinha muitas colegas, – conhecidas de colégio, mas era com Ana que Beatriz se desabafava e contava seus queixumes...
                 Tomando seu café e com Ana ao lado, comenta em tom jocoso:
                 — Ana, me perguntou se dormi bem, e eu disse que sim, mas na verdade, não me deixam dormir, sabe? Tem certa pessoa aqui do lado, que não sei por que, não me deixa dormir. – falou rindo, fazendo Ana rir. E ainda aos sorrisos provocantes, olha pra Marta.
                — Não entendo por quê? – disse ela. Chego a pensar que você Marta, me acorda cedo pra ter mais tempo de ralhar comigo! Só pode ser isso!
                — Ralhar com você, querida? Não é nada disso! Se deixar, você dorme o dia todo! – falou sorrindo pra ela.
                — Estou brincando com você Marta! Mas não nego a vontade de ficar na cama! Agora mudando de conversa! Minha mãe já levantou?
                — Não, ainda não! – respondeu Marta.
                — E meu pai?
                — Também não!
                — Não vá me dizer que minha irmã ainda dorme?
                — É!... Ainda não levantou! – disse Marta sorrindo sorrisos dissimulados, meio sem jeito, tentando não desanimá-la ou coisa assim.
                Suspira, olha pra Ana, olha pra Marta, franze a testa e levanta a sobrancelha.
                — Tá vendo, Ana, como são as coisas! Só eu madrugo nessa casa! – comentou e deixa as duas rindo.
               Ainda aos risos, ouvem a campainha tocar; Marta se mostrando solícita e até preocupada, não espera, levanta indo ao hall de entrada e da porta olhar, – ver quem é. De lá mesmo, fala pra ela:
               — Beatriz, suas colegas já lhe aguardam no portão pra irem ao colégio!
               Ouve e olha pra Marta de viés com certo lamento se expressando sem nenhum ânimo:
               — Ah..., que preguiça! Não tenho nenhuma vontade de ir! Mas fazer o que, né? Não posso faltar na escola.  – disse isso e já levanta, pega seus livros e os abraçando junto ao peito, vai saindo e se despedindo.
               — Tchau, Ana! Mais tarde a gente se fala!
               Com Marta abrindo a grande porta da entrada do hall, pela varanda através do jardim, vê no portão suas colegas: Carla e Margarete.
               Sem outra opção, se despede de Marta:
               — Tchau, Marta!
               — Tchau, querida! Boa aula!   
      
CAPÍTULO II

               Caminha pisando as lajotas de pedra do grande jardim indo ao portão, sendo cumprimentada de forma efusiva e animadora.
               — Oi, moça!... Bom dia!... Que teu dia seja maravilhoso! – disse Pedro, – o jardineiro – parando de trabalhar e observando sorrindo conotado por satisfação ela caminhar.
               Com o jeito animado e entusiástico do homem, não deixa, é claro, de se manifestar também alegre e sorridente.
               — O do senhor também, seu Pedro! E vê se não corta demais as plantas, hein? – brincou ouvindo os risos dele.
               — Não, pode deixar!... Não vou cortar demais não! – exclamou esbanjando alegria.
 
               Caminha contente sob os olhares risonhos do homem e vendo as duas amigas no portão com seus uniformes do colégio: saia azul-marinho plissada e rodada abaixo dos joelhos, – quase no meio das canelas; blusa branca, sapato preto baixo e fechado; meia soquete branca. Próxima ao portão, seu Pedro todo solícito e atencioso já corre e mostrando deferência e muita gentileza, vai abrindo o portão pra que ela saía. Envaidecida agradece aos sorrisos ao sair ouvindo as amigas falarem animadas, uma seguida da outra:
               — Oi, Beatriz, bom dia!...
               — Oi, gente! Bom dia! – respondeu vendo o jardineiro todo amável fechar o grande portão de grades de ferro.
 
              Beatriz, assim como suas colegas, é filha de gente de dinheiro, rica por assim dizer e dá alta sociedade. Juntas caminham descendo, nos seus uniformes e carregando nos braços, – abraçadas – os livros e cadernos, a calçada da grande alameda arborizada do bairro de classe alta. Passando em frente às grandes mansões e residências, caminham rápido, – felizes e sorridentes. Mais à frente, vê no portão de uma das casas, outra colega: Paula, – lhes aguardando.
               Agora são quatro moças da mesma idade que caminham juntas alegres e felizes. Mais uns passos, Paula mostra seu jeito engraçado e brincalhão.
               — E vocês ainda desejam bom dia pra mim? Não sei que bom dia é esse?
               — Como assim? – perguntou Carla.
               — É!... Do que fala? – reforçou Margarete.
               — Ora! Esqueceram?
               — Esquecemos o quê? – perguntou Beatriz surpresa.
               — Que hoje é dia prova! E pelo que vejo ninguém estudou, né? – disse isso e sagazmente continua. Quem estudou levanta a mão! – falou rindo como desafiando.
               Ninguém levanta e Paula continua aos risos.
               — Como ninguém levantou, também não vou levantar, pois não estudei nada também! E nem sei o que vou fazer? Não devia nem ir pra escola, sabe? Nem sei o que vou fazer lá! – falou rindo e se cala sem ouvir comentários e continuam andando. 
               Não demora, Paula volta fazer todas rirem.
               — Só vai ter um jeito pra mim hoje! – disse Paula. Não haverá outro! Vou me sentar atrás de você, Beatriz!
               — E por quê? – perguntou por perguntar, já desconfiava do porque, mas mesmo assim pergunta, pois lhe dava prazer ouvir Paula com suas tiradas e brincadeiras.
              — Ora, por quê?... Pra colar, pra o que mais seria? Não tenho outro jeito! E já vou avisando, ninguém senta atrás dela, hein!
              Acha muito engraçado e se encanta com o que ouve, rindo muito, – rindo de satisfação com a criatividade e a forma autoritária da amiga, já pensando em provocar, para talvez assustá-la, mas se engana redondamente. 
              — Mas, Paula! Eu também não estudei! – falou e fica mais encantada ainda com Paula franzindo a testa e lhe olhar de viés.
              — E desde quando você precisa? – disse Paula. Só tira dez e
quando não, tua nota é no mínimo oito. O que você quer? Estudar pra quê?

3 comentários:

Marina Oliveira disse...

Essa história parece ser ótima *-*
Já estou super ansiosa pelo meu exemplar! :)
Muito sucesso para você, J.R. Viviani!
Beeeijos

Marina Oliveira
http://distribuindosonhos.blogspot.com

Sora Seishin disse...

Olá!
Adorei a capa e a sinopse do livro! Adoro contos de fadas, então estão curiosa para saber como eles se tornaram realidade.
Beijos,
Sora - Meu Jardim de Livros

Anônimo disse...

Olá boa noite!!Adorei contos de fadas.
Já estou te seguindo beijos.