Prezada leitora e caro leitor, como
vocês sabem, todo autor tem uma razão, – um motivo, que lhe impulsiona dando
inspiração para escrever uma dada obra e raramente o leitor fica sabendo de
onde veio a inspiração ao autor; por essa razão, explico o motivo ou os motivos
que me inspiraram escrever o livro “Adeus
Solidão...”; vamos lá:
Adeus Solidão...
Editora: Clube de Autores.
1ª Edição: 2011.
ISBN:
978-85-912892-0-2
Nº de páginas: 386
De onde
veio minha inspiração:
Este livro nasceu em uma ilha, mais especificamente na Ilha do Cardoso – litoral sul paulista. Um lugar lindo maravilhoso de reserva ambiental com pouquíssimos habitantes, – caiçaras ou descendentes. Onde sequer podem construir, – não lhes é permitido, o que têm, têm, mais não podem. E a frequência de turistas pela dificuldade de acesso e acomodação é baixíssima, isso quer dizer de que o lugar é, além da beleza natural, um paraíso de tão sossegado.
O início, o meio e o fim deste livro, foram, em não mais do que
dois dias, delineados na minha cabeça e depois eu pus a imaginação pra
funcionar discorrendo toda a trama.
Tudo começou, quando fui com uns amigos pescar, quer dizer, pescar
não, já que não sou e nunca serei pescador, fui pra “matar tempo”, “jogar conversa
fora”, tomar cerveja, comer uns mariscos, me distrair e coisas assim...
Num dia daqueles, logo cedo pela manhã, na beira da praia, – praia
deserta, sem viva alma; enquanto meus amigos parecendo doidos dentro d’água
querendo pescar de qualquer jeito, eu muito sossegadinho, na sombra do
guarda-sol tomando minha cervejinha gelada, vi um senhor caminhando na beira
d’água de chapéu e bengala sendo seguido por um pequeno cachorro que corria pra
cá e pra lá atrás dele. Achei curioso o homem caminhar de bengala na praia e
fiquei observando até perdê-lo de vista.
As horas foram passando, de repente, bati o olho e vi o mesmo
senhor caminhando no sentido contrário. Caminhava parecendo sossegado, tranquilo;
parava, olhava pra cima – pro céu, pros lados, pra trás, voltava caminhar e o
cachorro se enfiando no meio das pernas dele, e assim ia... Uma hora o cachorro
corria na frente, noutra atrás, ia à beira d’água, corria de volta e se enfiava
outra vez no meio das pernas do homem, e eu fiquei de olho pregado observando
até que, outra vez, o homem sumiu do meu ângulo de visão.
Era um dia muito quente, fazia muito calor. Os meus amigos já
frustrados por não terem conseguido pescar nada, resolveram ir, e eu os
acompanhei.
No dia seguinte a coisa se repetiu: os amigos dentro d’água
tentando pescar com as ondas quebrando na cara deles e eu sentadinho na sombra
só de olho apreciando...
Não passou muito tempo, vi o mesmo senhor com o cachorro
caminhando na beira d’água do mesmo jeitão. Fiquei entretido olhando...
Nessa altura, a cerveja já ia acabando, – as latas estavam quase
todas vazias. Como nunca fui afeito a andar pra cá e pra lá, combinei com um
rapaz da pousada que eu estava, – um caiçara muito gentil e atencioso, que
fosse vez ou outra, saber se eu precisava de cerveja ou não. Coincidentemente,
o rapaz apareceu e eu aproveitei pra saber quem era aquele senhor, pois não me
parecia ser caiçara e também que não era turista. E soube que era um morador da
ilha, uma pessoa bondosa, querido por todos e sozinho que já morava há algum
tempo por lá.
Nisso, o homem foi passando defronte a mim com o cachorro a bons
passos atrás; o homem passou e o cachorro ao cruzar por mim, subitamente, parou
sentando na areia e ficou me olhando. Foi cômico ver o cachorro me olhar, e talvez
tenha sido a grande razão de tudo; dali a pouco, o homem gritou chamando o
cachorro: Vem Tito, vamo! – e lá foi o cachorro correndo atrás do homem.
Mais interessando ainda, eu fiquei observando o homem com o
cachorro caminhando tranquilo; observando passei a imaginar o que seria viver
num lugar como aquele... Confesso que, ao imaginar, senti até inveja do homem
por viver num lugar aprazível e encantador como aquele, sem o corre-corre da cidade
e sem as atribulações da vida; ao mesmo tempo, apesar de tudo, também imaginei
o que seria viver solitário, – sem ninguém. E assim, nasceu o “Adeus Solidão”.
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