12 de maio de 2012

O que inspirou "Espelho quebrado..."

 
Prezada leitora e caro leitor, como vocês sabem, todo autor tem uma razão, – um motivo, que lhe impulsiona dando inspiração para escrever uma dada obra e raramente o leitor fica sabendo de onde veio à inspiração para o autor; por essa razão, explico o motivo ou os motivos que me inspiraram escrever o livro “Espelho quebrado...”; vamos lá:







"ESPELHO QUEBRADO..."



Editora: Clube de Autores
1ª Edição, 2011.
ISBN:  978-85-912892-1-9
Nº de páginas:  299










De onde veio minha inspiração:

Vocês sabem como é quando nos sentimos desmotivados, enfadados, entediados ou coisa assim, não é? Não temos vontade de nada, a não ser meditar reflexionando sobre as “coisas”. Pois é! Há tempos a atrás, um dia eu me sentia assim, e a alternativa que vi naquele dia era sair buscando me distrair. E logo cedo, pela manhã, peguei meu carro e fui sozinho pelas estradas interior afora...
Depois de rodar horas, senti fome e precisava também abastecer o carro, mas era um lugar ermo – não havia nada, nem movimento, a menos das matas que circundavam a estrada. Momento depois, eu vi um posto de gasolina e não tive dúvida: parei! Mas, infelizmente, ou melhor, felizmente, – entenderão depois o porquê – no posto não havia ao menos um lugar onde pudesse tomar um café. Sendo atendido com gentileza pelo frentista ao abastecer o carro, – como por lá só havia mato e nada mais – perguntei onde poderia comer um lanche coisa assim, e ele me respondeu que por ali só pegando uma estradinha secundária indo a um vilarejo próximo. Foi o que fiz!
Era um dia quente com calor de “lascar” e já se aproximava da hora de almoço. Rodei no vilarejo por aqui e por ali, notando muitas pessoas circulando pelas ruas e resolvi estacionar na praça e buscar um local pudesse comer algo. Deixe o carro e sai, mas não havia muita coisa; andei pra cá e pra lá, até que vi um restaurante simples e entrei. As poucas mesas estavam ocupadas por pessoas almoçando; sem alternativa, encostei ao balcão e foi quando tudo começou...
Uma senhora de idade bem avançada veio me atender. Pedi algo e ela, curiosamente, depois de me servir, não arredou pé; ficou com um  pano na mão esfregando o balcão sem sentido e me olhando comer. Achei muito simpática a mulher e já quis puxar conversa, mas não tinha muito assunto a não ser comentar do calor que fazia e das muitas pessoas que circulavam pelas ruas. Parecendo encantada com o comentário que fiz, aí é que ela não saiu mais de perto de mim, dando toda atenção. Conversa vai conversa vem, ela começou a comentar da saudade que tinha da cidade de quando jovem, e eu, animado pela simpatia da mulher aproveitei, querendo agradar, pondo “lenha fogueira” já fazendo perguntas de ordem pessoal: como ela vivia e coisa assim. E a mulher parecendo cativada desembestou a contar sua vida... Dizendo ser viúva e mãe de três filhos; um menino do seu segundo marido, - um homem dedicado e bom, e com o primeiro duas moças, mas que esse bebia muito causando sempre dissabor; disse isso, porém eu notei os olhos dela brilharem quando falou do primeiro marido, com isso, brinquei com ela.
— É, dona Adelaide! A senhora pelo jeito gostava desse seu primeiro marido e não quer confessar, não é? – perguntei e a mulher não respondeu, continuou esfregando o balcão com o pano sem nenhum sentido e sorrindo sorrisos dissimulados.
Dali a pouco, não sei por que “cargas d’água”, a mulher começou a contar sua juventude: de quando trabalhava na roça do seu sítio plantando milho e fazendo farinha, da sua vida livre e independente ao fazer tudo sem ter que dar satisfação a ninguém; da imensa saudade que tinha quando sua mãe, para lhe agradar, fazia sua especialidade: um bolo de milho. A mulher contava tudo como uma encantada; de repente, encosta ao balcão uma moça com olhares recriminatórios pra mulher, perguntando se eu estava sendo bem servido, o que de cara, deu-me a impressão de a mulher não era benquista por ali, – que faziam favores a ela. Bem, depois de mais um ou dois café, acabei me despindo e fui embora. 
No caminho de volta, da conversa que tive com a mulher, fiquei imaginando como seria ter recordações remotas de um passado feliz que se foi sendo desencantando pelo lamento da saudade; ao mesmo tempo, de envelhecer dependendo das vontades e desejos dos mais novos, com isso, nasceu o “Espelho quebrado”, e escolhi esse título, pois todo espelho quebrado perde seu encanto...                          
  ______________________________________________________________