3 de julho de 2012

Crônica da obra:

 
Prezada leitora e caro leitor, hoje  lhes apresento minha crônica sobre a leitura do livro “O Grande Pajé” do Autor Parceiro do Vendedor de Ilusão, o escritor  independente Cesar Soares Farias; vamos à apresentação: 




Cesar Soares Farias é gaúcho e reside em Porto Alegre – RS, autor de dois livros, sendo que o seu primeiro livro tinha mais característica de crônica pelas longas narrativas e nesse segundo assume definitivamente sua identidade de contista.





  
O GRANDE PAJÉ

Gênero: Contos

1ª Edição

Edição Independente

ISBN: 978-85-63229-04-5

Número de páginas: 96

RELEASE:
A obra é uma coletânea de contos com alguns deles entremeados com versos de música de compositores famosos e outros tantos por poesias e poemas onde o autor narra enfatizando com profundidade temas atuais e relevantes. 


SUMÁRIO DA OBRA:
O livro começa com um conto que dá título ao livro: O Grande Pajé, no qual o autor discorre a história de vida de um casal com suas aspirações e desejos incontidos, cercados pelas frustrações que, irremediavelmente, a vida nos prega e determina. Sendo seguido por outros contos com os mais diversos estilos e temas, narrando alguns de forma irônica e sarcástica, e em outros, de forma hilariante e até cômica, sem deixar de ser preciso, claro e contundente, indo da crítica sobre o cotidiano até ao preconceito racial. São todos de inquestionável expressividade e um, em particular, chamou atenção e transcrevo na integra para enfatizar a magnitude das narrativas  e criatividade do autor, conto esse intitulado de: PRETA, POBRE E FEIA.

MOÇAS e Rapazes de 16 a 25 anos, p/panfletagem. Tratar: Av. Cairu 1084/308. POA dia 19/03.
      - Bah... Essa tá fudida... Preta, pobre e feia...
Uma gargalhada estrondosa e homérica escapou por entre os lábios apertados de Silvânia, que, diga-se a verdade, até tentou ser discreta diante daquele comentário. Nilson, o gerente, era um debochado, todos funcionários da CAIRU EMPRÉSTIMOS LTDA. o sabiam. Contudo, durante aquela seleção de candidatos fez-se evidente a sua verdadeira índole. Diante de ambos, apresentava-se o antepenúltimo candidato que conseguira retirar a senha para a entrevista. O Citzen na parede marcava já doze horas e dez minutos. A empresa, apenas mais uma no ramo da agiotagem, buscava dois novos profissionais para contratação imediata, visto a recente inauguração da primeira filial, situada no limite norte do próprio bairro. O serviço de panfletagem seria, na verdade, apenas um estágio de duas semanas e seis dias, que conduziria os selecionados ao Quadro Efetivo de Funcionários da Cairu.
Nilson era o único filho do ex-deputado Ornella Hutzler, um viúvo alegre que acumulou, com alguns méritos, em sete mandatos consecutivos, um patrimônio que permitiu a ele e aos seus uma tranquila condição financeira, bem como algumas excentricidades.
A falecida Sra. Iria Hutzler fora a católica mais convicta da família e tentara consagrar o coração do filho a São Lázaro, presenteando-o com uma medalhinha de ouro, relíquia do santo. Misteriosamente, o adorno acabou causando-lhe alergias no pescoço, semelhantes a marcas de açoite. O flagelo foi encarado por ela como um sinistro presságio do destino que aguardava o seu rebento na vida além-túmulo. Contudo, depois de frustradas tentativas, a velha desistiu de querer incutir-lhe o Evangelho. Decepcionada, guardou a correntinha de metal precioso no baú de relíquias, mantido até os dias de hoje no cofre do deputado, atrás do quadro de Portinari, no quarto do casal.
A mocinha afrodescendente, com certeza, não ouviu a sentença em tom de murmúrio proferida a seu respeito. Porém foi-lhe impossível ignorar o riso daquela rapariga no momento em que cruzou, cheia de esperanças, o umbral da sala 308. Na peça não havia qualquer mobília, exceto as três cadeiras pretas acolchoadas e com braços. A primeira vazia, plantada em frente à janela na parede dos fundos e envolta pela escassa claridade daquele dia cinza. As outras duas, logo em frente, na penumbra, ocupadas por Silvânia e seu chefe. Enquanto ela, a cada novo candidato, rabiscava anotações em uma folha presa à sua prancheta de madeira, ele limitava-se a formular breves perguntas informais e esquadrinhá-los com o olhar. A jovem sentou-se e preencheu a Ficha, já bastante desanimada pela recepção que tivera. Suas roupas eram um pouco desbotadas pelo tempo e o tênis descolara na parte de trás durante os quilômetros de percurso a pé que fizera desde o Terminal de Ônibus do Mercado Público.
Faltava-lhe apenas um ano para concluir o Ensino Médio. O pai, desempregado, andava pressionando-a demais:
     - Vai à luta, tchê... A minhas irmã com a tua idádi já trabalhavam... Só istudá não dá... Tu não é filha di rico.
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     - Qualquer coisa a genti liga pra êssi teu telefoni di contato, tá? Por enquanto tâmo só fazendo cadastro...
       - Tá, então tá bom.
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MINHA OPINIÃO:

O livro contém contos interessantíssimos e ricos em detalhes, narrados de forma primorosa, com qualidade inquestionável, discorridos com muita criatividade e originalidade; contos com temas sugestivos atraindo à leitura. Por essas razões, considerei um livro muito bom. 

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