20 de junho de 2015

Comunicado


Prezada leitora e caro leitor, minhas amigas e meus amigos, em função dos manifestos lisonjeiros e honrosos de pessoas benévolas exprimindo preocupação pelo meu silêncio, senti-me na obrigação de fazer este comunicado, dizendo-lhes que as causas não foram nada além do fastio e enfado que acabaram por tirar o entusiasmo levando-me a esse recesso, fazendo dedicar-me exclusivamente às minhas criações literárias.
Não obstante, por ter consciência de que a atitude de não comunicar de princípio não foi das mais exemplares, aproveito para me penitenciar e pedir escusas.
Dia desses, esse meu recesso terá fim, ocasião na qual, terei, mais uma vez, a honra e o prazer de visitar cada um dos meus caros amigos e amigas participando-lhes do meu retorno.
Nesse ínterim, cordialmente lhes deixo, além dos meus sinceros votos de que continuem caminhando sob a Luz do Divino, o meu abraço e meu beijo fraterno. Até breve!    
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30 de abril de 2015

Contos:


Prezada leitora e caro leitor, lhes trago mais um dos meus Contos; vamos ao:  



Num dado domingo, muito cedo pela manhã, Antônio acordou muito antes do horário que costumava, pelo menos aos domingos, – dia em que ele costumava ficar na cama até mais tarde procurando descansar da semana agitada, corrida e exaustiva que lhe era habitual ter, porém nesse dia, nem imaginava o porquê, ele caiu da cama – como se diz.
Admirado com ele mesmo e estranhando, ele virou pra cá virou lá na cama, tentando dormir mas nada, continuava acesso... Vendo a esposa ao lado dormindo sono profundo e apreciando a beleza dela, aos poucos, começou a enjoar-se de estar deitado, com isso e resolvido, levantou e na ponta dos pés evitando fazer barulho, foi ao banheiro.
Por ser muito cedo ainda, ao sair do banheiro, ele desceu os degraus da escadaria que levava à sala e, ainda tomando cuidado para não fazer barulho, abriu a porta indo pra fora da casa.
Lá fora, ele pensava no que fazer: tomar o café antes da esposa e da filha ou esperar pelas duas? Minutos mais, olhando as coisas no jardim, decidiu espera-las, todavia, ele sabia que as duas não iam acordar tão cedo, então resolveu caminhar um pouco e foi até a uma banca de jornais na qual costumava comprar o seu jornal de domingo.
Nem hora passou e ele já de volta a casa folheava seu jornal sentado tranquilo na poltrona da sala quando nisso a esposa apareceu.
Querido!... Bom dia!... disse ela lhe beijando parecendo feliz e continuou falando em tom admirado. Nem vi você levantar!... Já tomou café?
Não! disse ele fechando o jornal e sorrindo. Esperava por vocês?
Esperava por nós?... Que amoroso você é, querido! falou acarinhando o rosto dele sorrindo e ainda sorrindo completou. Mas venha, venha porque a nenê não demora desce. Vamos tomar o nosso café!
Já sentados à mesa da cozinha os dois tomavam café quando a filha – uma menina dos seus dez anos, chegou sorridente e foi cumprimentando alegre que só:
Bom dia, pai, bom dia, mãe! falou animada e antes de sentar-se beijou o rosto de cada um deles.
Feliz por ver a alegria incontida e notória da filha ele perguntou aos sorrisos:
Dormiu bem, filhinha?
A menina, ajeitando uma coisa e outra e sendo ajudada pela mãe a se servir, respondeu mais animada ainda:
Ai, pai!... Nem pergunte! – afirmou a menina. Como diz a vovó, dormi como uma pedra. – concluiu rindo e calou-se; e assim ficaram os três calados tomando o café.
Logo a seguir, animado com o clima reinante, ele quis agradá-las fazendo um convite a elas se dirigindo à esposa:
Querida, que tal nós irmos hoje almoçar em um restaurante?
A menina nem deixou que a mãe respondesse interpelando:
Boa-ideia, pai! Assim a mãe não precisa ficar cozinhando, não é mãe?
A esposa sorriu na clara demonstração de ter sido agradada com a sugestão, em seguida, perguntou se mostrando curiosa:
Mas em qual restaurante?
Estive lendo as indicações no jornal e um deles me pareceu muito bom; foi bem-recomendado, elogiado até respondeu ele.
E aonde fica? perguntou a esposa já se mostrando interessada.
Numa cidade próxima daqui. respondeu.
A esposa torceu o nariz e com cara de reprovação disse:
Ah..., mas deve ser muito longe...
Ele replicou na clara intenção de convencer: 
Não, querida! Pela autoestrada chegamos em algumas horas e isso passeando. – disse ele.
A menina interferiu pondo a mão no braço dele. 
O que servem lá, pai? perguntou a menina dando a impressão de que estava interessada em ir, o que já lhe animou.
Filha!... disse ele com ar de empolgação. Segundo o jornal, eles são especializados na culinária portuguesa; dizem que preparam, além de outros pratos típicos, o melhor bacalhau do mundo...
A menina olhando de soslaio ficou rindo pra ele e depois disse:
Será, pai?...
Não duvidando do propósito da pergunta, ele respondeu também rindo:
Pra saber só indo, filha!
Os três se entreolhavam aos sorrisos e daí a esposa disse:
Tá bom! Então vamos!
Se aprontaram e depois de uma hora, não mais, de saírem de casa e trafegarem pela rodovia, eles chegaram ao local.
Já no estacionamento – ao estacionar, percebendo a quantidade de automóveis que havia estacionados ele disse:
É! Parece que a comida daqui é boa mesmo. Vejam quantos carros...
Descendo do carro, a menina curiosa perguntou:
Por que, pai?
Porque onde têm muita procura é sinal de comida boa.
A menina sorriu e não disse nada e nem esposa e foram acompanhando ele...
Já na entrada a indicação do jornal foi corroborada ratificado a impressão de ser um ótimo lugar para se comer, pois as dependências sofisticadas, porém sem luxo excessivo, eram convidativas e atraentes; ambiente amplo, bem-iluminado, mesas espaçosas e bem-dispostas, cobertas por toalhas de branco impecável, com arranjos de louças e talheres de fino gosto, além do detalhe requintado: flores em vasos sobre as mesas davam o retoque, enfim, um lugar extremamente agradável...
Logo o maître os recebeu; escolheram a mesa, se sentaram e já com os cardápios nas mãos escolhiam o que pedir.
O maître, talvez, por julgar que iam demorar na escolha e também na clara intenção de deixá-los à vontade, saiu indo atender um casal que chegava.
Nesse ínterim, entre eles escolherem e o maître retornar, ele pensou:
“Acho que vou ao toalete, sabe?”
Pensou e virou pra esposa:
Querida! Desculpa, mas eu vou ao toalete. Espere que já volto! – falou e ia levantando quando a esposa disse:
Ah, eu também vou! Não quer ir, filha?
Eu também quero sim! respondeu a menina e lá foram os três...
Em instantes, elas entraram na toalete feminina e ele, lógico, na masculina, mas antes nem tivesse ido, arrependeu-se no exato momento que abriu a porta só pelo mau-cheiro que sentiu; passos mais, abriu a porta de um dos reservados e quando viu a bacia do sanitário não acreditou: uma sujeira sem igual, uma nojeira de se ver.
Antônio não soube julgar se aquilo era problema com a descarga, falta de água ou o quê; de qualquer forma não entrava na cabeça dele, como podia um local que lhe causou tamanha boa-impressão ter uma toalete naquele estado deplorável? Era inimaginável. Mas enfim, depois tomar cuidado ao fazer as suas necessidades e ter nojo até para lavar as mãos, ele retornou à mesa; sentou-se e ficou aguardando pelas duas.
Ele não pretendia dizer a elas da má-impressão que teve, seria estragar o almoço das duas, pois o dele, seguramente, já estava estragado.
Dali a pouco, as duas chegaram e com elas já sentadas ele perguntou:
E daí?
As duas se entreolharam torcendo o nariz e ficaram caladas olhando parecendo não saberem o que dizer, até que a filha, demostrando sinceridade, falou “sem papas na língua”:
Pai, se depender de mim, podemos ir, aqui eu não como de jeito nenhum...
Rindo e com cara inocente – como se não soubesse de nada, ele perguntou:
Mas por que, filha?
A menina, ainda torcendo o nariz, respondeu:
Se você visse a nojeira do banheiro, você também não ia querer comer aqui não!
Concordando e se dando por resignado sem deixar de lamentar e de estar chateado, ele disse:
Desculpa! Eu não imaginava causar tamanha decepção a vocês e nem ser decepcionado, mas, fazer o quê? O banheiro dos homens também está um nojo.
A mulher exclamou admirada:
Lá também, querido?...
Ele olhou de viés e não torceu o nariz, torceu a boca em claro sinal de lamento dizendo:
Nem te falo!...
Ficaram, por instantes, calados e daí a menina voltou:
Pai, você não precisa se desculpar! Você não sabia. Vamos pra casa, lá a gente pede uma pizza e tá tudo certo!
Tá bom! disse ele.
Nessa altura, o maître se aproximou e sorrindo perguntou:
Já escolheram?
Não! disse ele. Surgiu um imprevisto e temos que ir!
Mas que pena! se expressou o maître em lamento e continuou. Espero que voltem em outra ocasião.
Com certeza! disse ele e, sem mais delongas, levantou, pegou as duas pelas mãos e foi saindo deixando o restaurante completamente decepcionado.

Moral da história: “Um bom restaurante não começa pelo ambiente fino e requintado, e sim pela higiene dos toaletes”.  
     
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Espero que tenham gostado do Conto. Meu abraço e até mais!
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