Era uma vez uma
linda jovem, de beleza e formosura estonteante, – de encantar, que atraía causando
frenesi e pondo desejo em todos... Todavia, desencantada com relacionamentos mal
correspondidos, sentia-se desiludida, desolada, já sem nenhuma esperança de
encontrar o amor ou por ele ser descoberta, lhe trazendo felicidade,
satisfação, prazer e alegria de viver...
Apesar dos olhares
desejosos e nitidamente pretendentes a lhe cair como chuva, sentia-se como fosse
uma pomba, dessas graciosas, de plumagem branca imaculada, que cativa encantando
e agradando os olhos, induzindo à paz e ao benquerer, inspirando esperança e admiração,
no entanto, uma pomba solitária, fadada a ser admirada, desejada, sem, entretanto,
conhecer e saber o que era o amor...
Mesmo sendo
continuamente assediada e cortejada por muitos, ninguém lhe motivava ou
inspirava buscar relacionamento, talvez por falta de coragem, receio, insegurança
e muito medo de sofrer decepção levando, como outras tantas vezes, a lamento, magoando,
com o coração sendo pisado pelo desencantamento e pela desilusão.
E assim foi levando
a vida e evitando a todos...
Até que num belo dia,
por fim, deu-se por deslumbrada, inebriada, levada a sonhos e fantasias, já
sentindo, além do desejo de amar explodir no peito fazendo o coração arder em
chamas, a romântica veleidade de cair arrebatada pela paixão.
Isso aconteceu
quando, dentre os tantos, conheceu um rapaz que lhe atraiu dando encantamento,
induzindo de que por ele fosse se enamorar. Um jovem garboso, elegante, inquestionavelmente
bonito, extrovertido e agradável, de modos e postura comedida, enfim, um jovem irresistível
que animava e entusiasmava manter um relacionamento. Com isso, sem nenhuma dúvida,
esperançosa de que havia encontrado o seu tão sonhado príncipe encantado,
aceitou namorá-lo.
No princípio,
apesar de envolto pela nevoa da incerteza, tudo parecia ser maravilhoso,
encantador, inebriante e promissor de um grande, romântico, apaixonante e arrebatador
amor.
O tempo foi
passando..., e lamentavelmente, a cada dia, a cada encontro, aos miúdos, o que
era deslumbramento que embevecia, ia gradativamente sendo substituído, outra vez,
pela decepção.
O rapaz não era
nada daquilo que ela em princípio imaginara, – não era afetuoso, carinhoso e
terno como mostrava ser, ao contrário, por vezes, chegava ser desagradável e inconveniente
ao tratá-la na intimidade. Apesar de não tão jovem, agia como um boboca imaturo
se arremetendo aos descuidos de criancices, sendo enfadonho, deixando de
tratá-la como qualquer mulher quer e deseja avidamente ser tratada. Não
bastasse, dava a clara impressão de que agia com ela de uma forma e na frente
das pessoas de outra, – faltava-lhe personalidade.
Como amar alguém
que, apesar de bonito, de aparência sedutora e irresistível, notadamente, na
presença de outros, se vangloriava tendo prazer de exibir a beleza e a
formosura dela? E com ela ser frio, inócuo, insosso e sem graça? Como podia
desejar ser amada e amar alguém assim? Não podia mesmo!
Que
infelicidade..., que frustração!... Que lástima!... Não era nada daquilo o que ela
desejava; desejava, simplesmente, amar e ser amada, dar e receber carinho e
afeto; entregar-se ardentemente aos delírios da paixão e ser levada a êxtase...
Com esse
sentimento provocando profunda frustração, ela não viu outra saída, se não dar-se
por resignada e, mesmo em lamento, desejar ser como uma linda pomba; uma pomba solitária,
porém livre e solta, deixando, outra vez, tudo por conta do destino...
Em resumo: preferiu
ser só, até enquanto fosse, do que mal-acompanhada...
J.R.Viviani
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