13 de janeiro de 2012

UMA PÁGINA VIRADA....
Editora: Clube de Autores.
1ª Edião, 2011.
ISBN: 978-85-12892-2-6 
Nº de páginas: 333 


Sinopse: 

A forte depressão econômica que imperava na Itália nos finais do século 19, distribuía miséria e fome obrigando milhares de famílias imigrarem a outros países em busca de oportunidades e melhores condições de vida. O que ocorreu também com a família de Francesco, um jovem de idade muito tenra ainda, – filho único, que, por infortúnio e fatalidade, muito contra vontade, obedecendo ao desejo dos pais, teve que deixar sua terra e imigrar para o Brasil. E está é a narração de sua vida, que discorre, inicialmente, sobre sua frustração e desilusão de deixar o lugar que tanto amava e ir para uma terra estranha, mas que lhe dava muita e não apagava a esperança de um dia poder retornar a sua bela e amada Itália. 
Conta suas lutas e dificuldades que aqui enfrentou, não só com a língua, costumes e cultura totalmente distinta, mas principalmente dos excessos que cometiam aproveitando a enorme massa de imigrantes italianos que pra cá vinham, tratando-os como semi-escravos nas fazendas de café, locais para onde a maioria ia buscar como ilusão construir um futuro...
Uma vida aqui marcada, de início, por mágoa, descrença, frustração e desilusão, mas que, com o passar do tempo, com as oportunidades que teve, com seu trabalho, empenho e dedicação, mudou seu sentimento e modo de pensar; passou amar onde era amado e onde foi, apesar de tudo, recebido de braços abertos; amou tanto aquela que considerava não sua segunda, mas sua nova pátria, que por ela, se preciso fosse, matava ou morria; transformando, assim, seu desejo de retorno à sua terra natal em uma simples página virada...
 

Primeiras páginas.


Capítulo I 
         
    Gênova, Itália, fim do outono de 1896; ainda muito cedo, – nem bem amanheceu, no porto, em sua mala sentado, ofegante de tanto andar, descansando ao lado da mãe que com outras mulheres conversa, – aguarda apreensivo o retorno do pai que foi em busca de informação.         
    Com olhar e semblante triste, observa as pessoas a sua volta que também aguardam: um amontoado de gente, com suas bagagens e malas aos pés, crianças no colo; sérios e apreensivos, trajados de forma simples com roupas surradas e de cores também triste; o preto e a cinza predominam, a não ser pelas mulheres que com seus longos vestidos até aos pés, levam lenços, que, nas cabeças, escondendo os cabelos, variavam de cor, mas discretas, quando muito, além do branco, um amarelo claro nas mais jovens, porém nas mais velhas, – como de costume – lenços de cores escuras.       
    Os meninos, assim como ele, com suas calças curtas até o joelho, casacos ou blusas de lã e com seus bonés, – moda na época. Já os homens, – os mais velhos – com seus chapéus de feltro meio amarrotados, calças largas cobrindo os sapatos e botinas, e, a maioria, usando compridos paletós de cores escuras.       
     Nota na fisionomia das pessoas e no silêncio delas, que a tensão ronda entre eles e, um pouco mais descansado, querendo se distrair vai olhar a água, – ver as marolas que, com seu vai e vem, na murada de pedra do porto, batem... Sentado numa pilastra, olha pra baixo e, inconsolado, se absorve vendo os pequenos e coloridos peixes que nadam na beirada da murada; ouvindo o burburinho das águas e o murmurinho das conversas nas suas costas, olhando para o céu, sente o peito apertado e até com inveja das gaivotas que com suas coreografias voam livres pelo ar; nada daquilo que estava vivendo era de sua vontade...    
     A tristeza aumenta ainda mais quando, na linha do horizonte, aparece o sol magnífico iluminando e clareando o dia. Olhando a luz do sol refletir na água daquele imenso oceano, imagina o que haverá do outro lado, – o que poderá por ele esperar...     
     Tão absorto com o que vê e pensa, distraído, não se dá conta, só percebe quando ouve chamarem por ele.     
       — Francesco... Francesco... – era sua mãe que aos gritos lhe chamava.   
       Levanta e fica apreensivo; vê todos carregando suas malas e, andando rápido, indo em direção ao lado oposto ao que estão e sua mãe com os braços erguidos, gesticulando aos gritos.  
         — Meu filho!... Venha... Vamos, não demora...                   
         Os sapatos novos doem os pés, mas não tem outra saída; sua mãe pede para ser rápido e ir ao encontro deles: do pai e da mãe, – é o filho único.    

Capítulo II

       Momentos mais, como arrastando sua mala de pesada, caminha ao lado deles e no meio de outros tantos; passa por navios atracados, – não sabe no qual irá.     
         Apesar de chateado, muito desgostoso, sua compensação é ver, logo à sua frente, a jovem Giovanna que, com a família, rápido também caminha.   
         Depois de andar muito, percebe que as pessoas diminuem os passos, – já andam olhando pra cima, pro imenso e escuro casco de um navio. Mais à sua frente, uma enorme fila se forma, – já induzindo de que vão subir no navio.     
         Sem nenhuma motivação e desanimado, ao lado dos pais, espera respirando fundo de cansado, mas vendo Giovanna que lhe olha sorrindo, esquece por momento o cansaço e sua desilusão... Só tem, agora, olhos pra ela; meio encabulado, olha e sorri a todo instante e é percebido pelo irmão dela, – Luigi, o grande e inseparável amigo, que vem ao seu encontro.   
         Trocam abraços e, depois, aguardando serem chamados, sentados na murada do porto, conversam.  
         — É, Francesco, você tinha razão quando falava, só agora entendo o que queria dizer! – falou Luigi mostrando também a fisionomia triste pelas incertezas do que irão dali pra frente viver...    
         De semblante resignado e muito compenetrado, olha pro amigo, dizendo com voz pausada e até confortante.       
         — Luigi..., agora não adianta! Vamos ter que enfrentar nossa nova realidade! Temos que ser fortes e não podemos nos abater...             

Capítulo III


       Muito tempo antes daquela manhã, – quase um ano antes; todo fim de tarde, fazia questão de presenciar e saber o que os homens nas cantinas, depois do trabalho, com seus copos de vinho na mão, falavam.     
         A curiosidade dele tinha razão de existir, a insatisfação era geral, – nada iam bem; não havia trabalho, a economia piorava a cada dia e do governo muito pouco esperavam...     
         Com as reformas recém criadas sobre o estatuto da terra, – logo após a unificação da Itália; o dono da terra fazia e desfazia a seu bel-prazer. Os que trabalhavam não tinham direitos, não existia regra pra quem trabalhava, – só para os patrões, que pagavam o que queriam e o quanto queriam; quando muito, até como favor, permitiam que nas suas terras morassem.     
         Sem terem dinheiro suficiente, falavam revoltados para quem quisesse ouvir em alto e bom tom.   
         — Plantamos e colhemos o trigo, mas não comemos o pão! – falou um batendo na mesa, em seguida de outro ouvia:
         — É! Cultivamos a videira e colhemos a uva, mas não podemos beber o vinho!
         E outro mais revoltado ainda, falava: 
         — Criamos e cuidamos dos animais, mas não podemos comer a carne e nem beber o leite!  
         Com tudo o que acontecia, mais o acelerado processo de industrialização em curso na Europa, muitos perderam seus empregos, não havia sequer trabalho, – não havia compradores para os produtos agrícolas que eram pra comer, que dirá pras outras coisas; não havia dinheiro, a economia estava estagnada, não girava...    

13 comentários:

Anônimo disse...

Acredito que a capa me atraiu, a sinopse porém me prendeu. A narrativa é bem gostosa, e a história diferente mas curiosa. Parabéns, abraços.
Raquel Miranda
Nós e Livros (@noselivros)

Maria Lucia (Centelha) disse...

Parabenizo o autor de tantas obras realmente atraentes, e pela sinopse, de grande qualidade literária.

Encontrei-o nas minhas "andanças" dessa madrugada insone, e não resisti ao chamamento do seu espaço.

Desejo-lhe muitas felicidades e sucesso em sua carreira de escritor!

Abraços!

O Sibarita disse...

Valha-me Cristo! Porreta! Muita boa narrativa, é 1000!

você tem dom, é isso e em frente...

abraços,

O Sibarita

Clara Lúcia disse...

Olá, boa noite!

Vim agradecer sua visita e seu comentário em meu blog.
Fico muito honrada em poder participar de seu blog também.
Eu gosto de escrever e digo que estou engatinhando, mas com muita esperança de que tudo se torne realidade.
Gostei muito do seu livro, pela sinopse e primeiros capítulos.
Eu volto, para ler todos os outros.

Abraços

yara disse...

Olá José Roberto Viviani.
Você passou pelo meu blog (http://www.ilusoesescritas.com)E me indicou o seu, para que conhece-se as suas obras...
Confesso que me encantei com elas...
Principalmente com esta, Uma página virada.
Parece ser muito lindo...
De passagem, gostei bastante do seu blog também...
Obrigada pela visita no meu e sinta-se á vontade para retornar por lá...
Obrigada.

Lirys Cazangi disse...

Nossaaaaaa... q blog maravilhoso... Estou retribuindo a visita e aproveitando para parabenizar pelo seu trabalho... Mto importante, suas obras são maravilhosas... Parabénss... Já estou seguindo!!

Regina Márcia Oliveira disse...

Que encanto o seu livro li a sinopse e o primeiro cap. Voltarei para ler o restante depois procurarei o seu livro aqui para continuar a leitura.
Abraços e sucessso.

Nice Veloso disse...

Temas profundos e uma linguagem leve, simples, convidativa para ler mais e mais. Parabéns! "Uma página virada..." Daqui pra frente! Devemos reunir a força e a coragem de um leão e jamais sucumbir diante de ameaças de nada nem ninguém. Quando tomamos forte consciência e começamos avançar destemidamente, os caminhos se abrem e as pessoas logo nos acompanharão e juntos seguiremos respeitando uns aos outros e a dignidade da vida! Obrigada por seguir o meu blog. Ah... E pelo comentário também. Amei o seu blog. Um forte abraço!

Unknown disse...

Alem da Arte de criar amo demais ler e fiquei muito feliz em te-lo como amigo seguidor do meu blog e claro que já estou te seguindo também,estive dando uma olhada no seu blog e fiquei instigada em ler mais rss.Sucesso e Deus te abençoe sempre!Abraços

Doris Dolly disse...

Jose...." Una pàgina virada "

Muy interesante parte de una historia que has relatado, a la Argentina tambien han llegado italianos por ese entonces y se han acomodado muy bien...ahora ellos reciben su jubilaciòn de Italia que es muy elevada.
Recibe mis saludos desde Argentina

un beso

Bruno disse...

Olá,vim retribuir a sua visita ao meu blog e também já estou seguindo.
Gostei de ver tantas obras com sinopses,temas,capas e títulos tão atraentes...Parabéns!
Estarei sempre por aqui...abraço!

Bruno
http://oexploradorcultural.blogspot.com

escutaessa.blogspot.com disse...

Vim retribuir e agradecer as pelas belas palavras deixadas no meu blog. Muito obrigada.
Gostei muito de conhecer o seu blog e seus livros :)

Renata
http://escutaessa.blogspot.com.br
http://www.facebook.com/BlogEscutaEssa
@blogescutaessa

Gil Ordonio disse...

Estou aqui para retribuir e agradecer a visita e dizer-te que amei o que escreves... Parabéns.
Beijos,