VESTIDO NEGRO
Parecia um tarde como tantas
outras. O verão já havia se despedido.
Iniciava-se uma nova estação, com
um vento frio soprando do mar, e trazendo um forte aroma de maresia.
As canoas, adernadas na areia
branca, pareciam render-se ao cansaço.
Os pescadores, recolhidos em suas
modestas casas, contavam proezas de pescarias. Das chaminés dos fogões à lenha,
partia a fumaça que testemunhava a vida em família.
Mas muito próximo, o canto
impaciente das gaivotas, lembrava o compromisso do homem com o mar. O velho
pescador, obediente, confere os seus pertences, empurra sua pequena embarcação
e, auxiliado pelas nervosas ondas, ganha, como sempre, o fraterno abraço do mar
aberto.
A busca pelo alimento é desigual.
Suas mãos, calejadas pelo remo, e os braços já sem forças, pareciam implorar
por uma trégua. Mas o velho pescador não desiste. Foi sua última teimosia...
Na pequena casa, sua companheira
de tantos anos, reza por sua volta.
Desta vez, Nossa Senhora dos
Navegantes não ouviu as suas preces...
Com a barra da saia, enxuga as
lágrimas que brotam das fontes do medo e, agora, da saudade. Levanta-se do
pequeno bando, feito com restos de estivas, rebusca o fundo da mala de papelão,
e retira o vestido negro que s sua falecida mãe lhe destinou, vestindo-o para
sempre.
As gaivotas cobriram de luto as
suas asas, e nunca mais exigiram, dos velhos pescadores, a presença no
mar...
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Sinval Santos da Silveira
Direitos
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21 comentários:
Olá meu grande amigo!
Obrigada por sua visita e seu lindo comentário.
Aproveitando para dizer que seu blog está cada dia mais encantador.
Um grande beijo de sua amiga.
Meu poeta amado!
Sinto-me feliz e orgulhosa com esse trabalho emocionante com o qual presenteia a todos nós.
Quero abraça-lo fortemente e dizer que cada vez mais te admiro e me emociono com tua sensibilidade e talento..
Parabens....
te amo, Poeta
vera portella
Da vida o que sabemos ser inevitável é a morte, e o luto que dela fica pela partida de quem amamos. Lindo conto, um abraço!
Profundo y lleno de sustancia y contenido.
Um abraço.
Bom texto, Sinval. Um olhar invertido, sob o ângulo de quem acompanha o pescador no mar e assim como a esposa, também sente sua perda. O luto das gaivotas arremata de forma sombria e comovente esse interessante conto de vida e morte.
Parabéns pela excelente participação.
abraços
Rosa Mattos
http://contosdarosa.blogspot.com
Simplesmente lindo...
Abçs
Parabéns poeta Sinval! Seu conto é magnifíco, e profundo gostei muito!
Um abraço!
MARIA MACHADO
É um conto triste, mas, infelizmente muito real também, existem muitos que lutam de forma desigual pela sobrevivência...
Gostei de o ler, o seu conto transportou-me para a beira desse mar, para a beira das casas daqueles que o enfrentam...
Abraço, bom domingo!
Adorei Sinval,lindo conto.Já conheço seus trabalhos e somos seguidores.
Abraços.
Carmen Lúcia
É o destino do verdadeiro pescador, um dia ser tragado por aquele que sempre lhe deu sustento, e a sua amada conviver com a dúvida de sua volta pra casa. Bem triste, mas assim é vida. Parabéns Sinval ficou muito bonito. Um abraço.
OI SINVAL!
LINDO E TRISTE TEU TEXTO,VALEU TUA PARTICIPAÇÃO...
ABRÇS
http://zilanicelia.blogspot.com.br/ClickAQUI
Amigo Sinval,
O conto é emocionante, envolvente, muito bem tramado, bem escrito com uma linguagem erudita e culta; também não se pode olvidar que a gramática é perfeita, então, posso lhe asseverar que o texto nos agrada da forma ao conteúdo.
O conto enriqueceu sobremaneira esse evento singular do amigo Viviani.
Abraços a ambos.
Oi Sinval...sem palavras para descrever tão lindo e emocionante conto.
Uma natureza linda envolvida pela triste partida do parceiro fiel e admirador, e que também dali tirava seu sustento.
Parabéns pela participação! Abraços,
Mariangela
O luto. A eterna sina da mulher do pescador. Conheci muitas viúvas do mar. Portugal foi e de certa forma ainda é país de pescadores.
Um abraço e uma boa semana
O mar é berço e é sepulcro...assim é a natureza, mãe e madrasta, ou é, apenas, a educadora que nos ensina a viver como se o amanhã não existisse.
Belíssima e bem contada crônica, Sinval.
Abraços
Bíndi e Ghost
Um conto emocionante, sensível, impactante, tal qual esse abraço do mar aberto ao homem do mar.
Maravilha de conto!! Beijos!!
Sublime seu conto Sinval. Muito belo!! Parabéns. Abraços
Sinval belíssimo trabalho,sensível e tocante que mexe com o nossos sentimentos mais profundos.
Os meus aplausos em sua belíssima Prosa Poética!
um beijo de violetas
Um sublime conto do nobre poeta Sinval!
Aplausos merecidos!
Estou encantada!
Um grande abraço a todos
Meu querido!
Muito belo, parabensss!
Abraços!
Triste mas absolutamente bem escrito e real.
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